Postado em 16/5/2005
A Indústria e as Cidades Sustentáveis
Por Eugenio Singer
singer@globalexchange.com.br

A sustentabilidade tão esperada por todos não virá através das ações do governo. Esta foi a conclusão de um grupo de 30 executivos de grandes multinacionais que se encontraram no Aspen Wye Institute, Maryland, nos Estados Unidos no mês passado. Segundo estes, a indústria terá um papel vital na liderança das ações voltadas para a sustentabilidade.
De acordo com a visão dos especialistas em sustentabilidade da Universidade de Cambridge, UK a insustentabilidade está centrada em pontos tais como a orientação da economia para o mercado, o livre comércio, a competição, a orientação para o lucro, o balanço entre a oferta e a demanda a propriedade privada, o dinamismo e a inovação, a acumulação, perdedores e ganhadores e a desigualdade. O grande dilema é se o atual capitalismo poderá realmente promover uma economia sustentável.
A "economia justa" foi definida como "o suprimento das necessidades básicas, refletindo os valores da sociedade sem comprometer os recursos naturais e sendo adaptável às mudanças". Já os dez principais fatores, que na opinião dos executivos da indústria, impedem que esta "economia justa" exista, foram citados como sendo: as ações imediatistas de curto prazo, a falta de prioridade à educação e conscientização, o enfraquecimento das instituições, a prevalência da desigualdade, as estruturas econômicas inadequadas, a corrupção, greed, a inflexibilidade dos sistemas, os recursos naturais limitados e a imperfeição humana.
Viés monetarista, viés da produção, viés do trabalhador, ainda vai levar um tempo para que a nossa sociedade e lÃderes que se alternam no poder, percebam que somos seres indissociáveis.
O que é fato, mas não é perceptÃvel, ou seja é o oculto do óbvio, é que não dá para pensar em desenvolvimento sustentável sem considerar todas as partes interessadas no processo de decisão.
Responda depressa: por que a sociedade tem de seguir as diretrizes de cuja elaboração não participou? Por que os poucos esclarecidos tem de definir o destino e o rumo da grande maioria? Por que o orçamento é desproporcional às necessidades da população e por que ela não participa deste orçamento?
O que ocorre na nossa recente democracia como frisa o brasilianista Thomas Skidmore, é algumas cabeças acostumadas a decidir pelos outros. Até quando a grande maioria da sociedade brasileira viverá a alternância dos vieses? Por que não integramos os vieses e fazemos desaparecê-los?
As respostas para as perguntas acima são ocultas, porém óbvias: falta o RESPEITO ao brasileiro, ao que consome, ao que trabalha e para quem a polÃtica deveria estar servindo para tornar possÃvel o necessário para a maioria.
Segundo Gilberto Dimenstein, foi o respeito à cidadania que o permitiu ver a redução drástica da criminalidade em Nova York, ao se respeitar os cidadãos, trazendo-os para o processo decisório de forma democrática e participativa, iniciada nos próprios bairros da "big apple".
A verdadeira parceria patriótica para o desenvolvimento passa seguramente pela consciência da população. Será a iluminação da sociedade de forma a que todos se engajem na eliminação da pobreza, reduzindo a tamanha desigualdade social do paÃs, que mostrará o caminho da sustentabilidade ao brasileiro. É necessário que haja uma massiva formação de lÃderes locais e que também permita o interesse e a adesão dos jovens, hoje tão alienados, no processo polÃtico. Somente assim poderemos pensar em garantir um futuro mais justo e eqüitativo para o Brasil.
Através da "guetorização" da nossa sociedade, estamos privilegiando poucos e desperdiçando os recursos substanciais e necessários para darmos o salto quântico desejado para O BRASIL DO FUTURO!.
As entidades pró-ativas são aquelas cujas práticas democráticas e participativas são visÃveis e percebidas em 3600 . O sequenciamento genético do Brasil precisa ser urgentemente revelado para que evitemos novas doenças, curemos os males existentes e prolonguemos a nossa vida com qualidade. O DNA do Brasil mostra que a indissociabilidade e a participação são genes fundamentais. A nossa tarefa é RESPEITAR a genética e trilharmos o caminho da sustentabilidade. O futuro do Brasil é agora!
Eugenio Singer
Eugenio Singer é empresário e engenheiro ambiental e escreve periodicamente para o Global Exchange sobre ecologia e desenvolvimento de cidades sustentáveis.
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